Diz o urso: - Se eu der um dos meus rugidos na floresta, todos os animais ficam aterrorizados. Diz o leão: - Se eu der um rugido na savana, qualquer bicho me teme. A galinha sorri e diz: - Grande coisa! A mim basta-me espirrar e o planeta morre de medo!
Pontas afiadas e imagens manchadas Oferece-me essa tontura, A sensação de estares em mim. Derretendo-me debaixo das tuas mãos Enquanto a lua cai no sonho.
Olho para os teus olhos agridoces E tudo está como eu desejo.
Pensamentos que se evaporam, numa prisão onde ele mora, onde luta para se soltar Apavorado com o que lhe espera cá fora. Mal respira e lateja, Ele bate e grita e chora Para sair da sua prisão. Antes de se aperceber que a pessoa lá fora Bate e grita e chora Para se soltar, para fugir, Para rastejar de volta à tortura Que a sua mente uma vez foi.
Meu mundo era cinzento Mas agora cego-me na sua escuridão
Pesava que me poderia erguer Mas quando caio quebro os braços
Tu és o ferro que uso para erguer a minha jaula Tu és a causa da minha fúria Quando as coisas que eu pensava ter Eram sonhos orbitando a minha cabeça Quando todas as coisas parecem morrer E até os mortos podem chorar
Fechei a minha boca e cosi-a Mas muito tenho por dizer
A luz do fundo do meu túnel É apenas o brilho da minha depressão
Tu és as barras que rodeiam a minha jaula Eu uma esquecida memória de um poeta morto Porque as coisas que eu pensava ter São apenas sombrias figuras na minha mente Quando todas as coisas parecem chorar E até os mortos podem morrer (2000)