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reflectmyself

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Toque

Arms, 09.10.07
Com que então é este o toque mais adocicado da minha solidão. Estar aqui, neste quarto atulhado, de paredes brancas, tentando descobrir como me sinto exactamente - como se isso me serve de conforto. Pequenas agulhas que se espetam no meu coração em vários locais. Um coração que pinga sangue, latejando para qualquer tipo de alívio - o tipo que nunca chega. E começo a ter memórias que nunca tive. Sim. E esta será uma das poucas felicidades de se ser solteiro de nascença. Algumas pessoas cometem o erro de achar que os solitários são pessoas sós; não necessariamente. Aprenderam a abraçar a sua solidão na totalidade. Existem momentos baixos é claro, mas não terão que sofrer pelas muitas dores de memórias de terem partilhado antes. Aprendem a viver sem os dolorosos pensamentos de terem tido um amor antes. Podem apenas imaginar o que será ter um coração despedaçado, mas nunca o sentiram. Por isso não lidam com isso. Podem apenas imaginar como será serem abraçados, amados, beijados e dormir acompanhados, mas nunca o sentiram. Por isso não têm saudades disso.

Mas, o que acontece quando se tem que lidar com esta solidão depois de ter entregue o coração a alguém? Entregas-te a alguém com esperanças e medos... e essa pessoa amachuca-te, rasga-te em pequenos pedaços de puzzle e atira-te ao chão. E vai-se embora. Simplesmente.

E tudo o que te resta fazer é apanhar as peças e tentar resolver como os colar de novo no lugar. Mas será sempre possível veres as fissuras nos locais onde foste rasgado.