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reflectmyself

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Ode à minha solidão.

Arms, 22.10.07
Caminhando incansável pelos passeios num dia frio de Dezembro. Os meus passos solitários apenas quebrados pelos sons das minhas botas na água. Chuva. O nevoeiro invade. Bloqueia os últimos raios de Sol. E um véu de névoa e serenidade cobre, graciosamente, a minha alma. As sombras alongadas dos prédios, embutidas, em tempos, de uma beleza que agora escorre e racha pelos cantos. E manchas de humidade e tempo.

Enquanto o brilho nublado do dia se desvanece e, aos poucos, uma luz negra surge. Assemelha-se a veludo. Os meus olhos percorrem os ventos murmurantes e estagnam-se nas estrelas diluídas do céu nocturno. Brilhantina. Um olhar de névoa. Como se tivesse uma película nos olhos.

Exposto ao frio dos ventos gélidos a minha alma atormentada alegra-se. Agita. Ri e canta. Enquanto o uivo do vento me encanta. Mais até que as vozes das pessoas que jamais são. Talvez jamais foram até.

Liberto da insanidade dos homens. Sinto o meu coração cicatrizado de lamentos queimar. Chamuscando a minha alma pela solitária noite adentro. Vejo um piscar de abrigo voltar. Atormentado com o discernimento da minha solidão continuo o meu caminho pela noite.

Já lá vão os dias em que a centelha de esperança enchia as delícias do meu coração gentil. E, em todos estes anos, seguindo as correntes de fortuna apenas plantei as sementes do meu desgosto. Os meus olhos enganados pelas máscaras das minhas felicidades. As minhas desesperadas esperanças enganadas. Por isso recolho agora a colheita dos meus solitários dias e banho-me nesta paz que os meus pecados anseiam.

A noite passará e a brisa gélida matinal, de estalactites, irá ocultar os traços da minha existência. Porque nenhuma pedra irá marcar o lugar onde o silêncio me abraçou e levou o meu coração alegremente para o eterno encanto da solidão.