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reflectmyself

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A um passo

Arms, 29.05.08
Cansaço. Puro cansaço de lutar e de sobreviver. É a única coisa que se pode dizer daquele pobre criatura. Sonhou alto, qual Ícaro. E, como tal, caiu nas ondas profundas da sua própria frustração. Durante sete ou oito anos lutou. Lutou firme e forte contra todas as adversidades que a vida lhe ia pondo aos pés. Passou fome, venceu uma depressão, superou dois namoros falhados, abraçou a sua solidão. Tudo em nome de uma felicidade que, mesmo não sendo excepcional, iludia-o. Adorava pensar positivo em relação ao seu futuro, mas não consegue. E porquê? Que motivação se tem quando todo o esforço que se faz é recompensado com ainda mais e piores desafios? Prometem-lhe sempre que o próximo dia será melhor mas o próximo dia ainda lhe apresenta com mais e piores dificuldades. Ele está tão farto. Tão abominavelamente saturado de lutar por meros pingos. A sua vida tornou-se no mito de Sísifo: rebolando uma rocha montanha acima para que, quando chega lá perto, o rochedo rebola montanha abaixo. Apenas para que ele recomece. Luta para um fim num ciclo vicioso de fome, desespero, lágrimas e insucesso. E está tão farto. E a esperança que o mantia firme, bem humorado e confiante já o abandonou. Tão farto. Tão perto de dar o passo final e desistir de tudo. Porque, afinal, tudo o que recebe pelas suas lutas e pelos seus sacrifícios são perspectivas de mais e piores lutas e mais e piores sacrifícios... Para quê lutar mais? Onde buscar mais forças? Admira-se ainda de ter conseguido aguentar oito anos de fome, solidão, depressão, tristeza e falhanços sucessivos... Tão farto que ele simplesmente deixa-se cair e ir. E foi.

Estarei errado!?

Arms, 27.05.08
É mau eu dizer isto. Eu sei que é mau... Mas, quando recebo a notícia de que alguém que conheço inicia um namoro, não consigo deixar de ficar triste. Não por essa pessoa, mas por mim. Quer dizer, fico muito feliz por essa pessoa. Mas o sentimento não deixa de ser algo de platónico porque, na realidade - e é realmente péssimo admitir isto mas é algo que não consigo realmente evitar - a única coisa que consigo sentir é pena de mim mesmo por ficar de lado. Já conheço os clichés todos. Já os disse também. "Um dia encontro alguém." "Não me devo comparar aos outros." "Cada coisa a seu tempo." E em diante e em diante. Clichés atrás de clichés que de nada servem para acalmar o vazio que sinto por dentro nestas alturas. O problema do "um dia encontro alguém" é que esse "dia" nunca mais chega. E eu não estou propriamente a caminhar para novo. O problema de "não me comparar aos outros" é realmente o facto de "os outros" estarem a viver algo, enquanto fico ali sentado a olhar para o boneco. E o lixado de "cada coisa a seu tempo" é o facto de achar que "o meu tempo" já devia de ter chegado há muito. E então o famoso "virá quando estiveres preparado" só me dá vontade de rir. Estou preparado há muito tempo. Enfim... Continuo a achar que é mau eu pensar e sentir assim. Afinal, todos nós somos diferentes e temos vidas diferentes. Mas facto é que - e não é de agora - tenho sentido que a vida anda-me a passar mesmo ao lado e que não ando a aproveitar nada. E não é por opção... isso é que me lixa. Não escolho não aproveitar a vida. Estou a ser forçado a não aproveitá-la. Ou pelo menos sinto-me assim... Estarei mesmo a fazer algo de errado? Ou talvez estou mesmo a precisar de mudar de ares... Ou se calhar, umas boas pisadas para ver se deixo de pensar demais em merdas.

Semanas surreais

Arms, 27.05.08
Estas últimas duas semanas, para além de terem posto à prova o meu suposto profissionalismo e endurance, foram irrepetivelmente surreais. Isto foi desde pessoas passarem por mim e fazerem olhinhos a virem ter comigo perguntar se sou autista.

Mas os melhores, e motivos de referência, foram certamente os últimos dois.

Situação 1.

Estou no metro, sentado à espera que chegue o comboio. Estou terrivelmente cansado por estar a meio de segunda semana sem folgas e, por consequência, fico a olhar para o chão. A olhar fixamente. Eis que me aparece um gajo e pergunta, assim do nada:
- Ouve lá! Tu, por acaso é autista?
Levanto o olhar na direcção dele. Devo ter feito uma cara estranha porque ele dá um passo para trás e simplesmente responde:
- Se eu fosse autista, achas que viria para o metro?
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Situação 2.

Estou no metro, sentado mais uma vez. E, mais uma vez, cansado mas estou a ler. Chega-se um rapaz e dá-me um papelinho. Diz:
- Olha, é o meu número. Fica com ele e liga-me depois. Ok? Prometes que não deitas fora o papelinho?
(Arms entra em modo sacana)
- Ok. (sorrio) Prometo.
- Então, posso ficar à tua espera?
- Claro que podes.
Entro no metro e, chegando ao meu local de trabalho, entrego o papelinho a uma colega e digo:
- Olha, deita-me isso fora.
Ela abre o papelinho e responde:
- Mas isto tem um número de telefone.
- Foi um gajo que me deu no metro.
- Então... E porque é que me dás o papelinho para deitar fora? Porque não deitas tu o papel fora?
- Ah, porque prometi ao rapaz que eu não ia deitar o papel fora.

Eu sei. Fui mauzinho. Sei que fui. Mas pelo menos não fui antipático com o pobre rapaz. Era novito e tal. Ainda nem deve ter chegado aos vinte. E, se eu quisesse aturar crianças teria tido filhos...

Ameaça... ops! Desafio!

Arms, 23.05.08
A Flor do Sol ameaçou... aham! desafiou-me a responder a um desafio, pedindo por favor para não me atrasar... Bom. Limoa, fui o mais rápido que pude mas o trabalho e o cansaço não permitiu que fosse mais cedo. Mas fiz, e aqui está a prova. Agora, uma coisa te digo. Que cena lixada! Andar a fazer "curtas biografias" quando nem se sabe onde começar. Mas pronto, vai...

Cá vai nada!

"São-nos pedidas seis palavras para uma "muito curta" biografia (há quem opte por um conceito) e podemos dar-lhes ênfase com uma imagem. Devemos colocar um link para quem nos desafiou e por nossa vez desafiar cinco blogues, avisando-os deste mesmo convite 'à valsa'".

Primeiro, os cinco que vou desafiar:

Felizes Juntos; Midnight; LT 24; O mundo ao contrário; Some Ridiculous Thoughts.

(Parte mais fácil despachada. Agora o complicado.)

Nem sei por onde começar... Hum... Pelo mais óbvio.

Criatividade
Humor

Romantismo incurável
(põe a música a tocar e vão perceber...)


Melancolia solitária

Persistência
(clica na imagem para perceber a frase...) Zen

Do banco do jardim

Arms, 20.05.08
A lua tem um aspecto hostil e longínquo esta noite. Uma lua cheia que parece querer ofuscar, ameaçando cair a qualquer momento. A ausência de nuvens e estrelas e vento transmite-me uma certa calma assustadora que me impede de adormecer. Parece que a existência toda ela se encontra parada no exacto segundo entre o encher os pulmões de ar e o mergulhar no oceano. Aquela fracção de segundo em que as duas acções colidem. Algo está para acontecer. Sinto-o. E esta insónia atormenta a minha calma. Resolvo sair de casa e dar uma volta. Mas mesmo isso se torna numa realidade falhada porque, assim que saio de casa, sento-me no banco de jardim em frente ao prédio. Aquele banco de verde lascado, onde muitos se sentaram e questionaram... ou não. O cheiro do relvado acabado de cortar embate-me como ondas tsunami. E, no exacto segundo em que sou extinto pelas ondas, uma frase escorrega-me à mente. Algo de tão fugidio e efémero que seria impossível pensar nisso noutra altura.

O mundo é belo. Uma simples frase que poderia ter sido usada em qualquer altura. Algo que foi certamente dito por todas as pessoas no mundo numa qualquer altura das suas vidas. Mas uma frase que trás consigo um sentimento tão envolvente que deixa rasto, fica e explode por dentro. O mundo é belo, de muitas formas incomensuráveis. Mas, na nossa pressa, escapa-nos frequentemente aquilo que de belo existe em redor. Talvez da mesma forma que, muitas vezes, nos esquecemos do significado que queremos dar às nossas vidas. Neste mundo moderno, para sobreviver, muitas vezes desprendemo-nos relutantemente do estímulo constante da beleza que o mundo tem. Muitos preferem um desprendimento indiferente face ao estímulo constante. Chegamos ao ponto de olhar para a beleza com indiferença, como se fosse mais uma coisa da qual já nos fartámos. Mas o mundo é belo. Desde algo simples como uma gota numa teia de aranha a coisas complexas como pontes enferrujadas de tempo. Um relvado plano a uma paisagem plana e gigantesca que nos faz sentir como grãos de pó. Desde o mesmo grão de pó até às galáxias tão longe que nenhuma mente consegue conceber o caminho todo necessário a percorrer até lá chegar. E uma lua de aspecto hostil e longínquo. Uma lua que parece querer ofuscar, ameaçando cair a qualquer momento. Do banco deste jardim, lascado de verde, rangendo de tempo e memórias, tudo parece que parou no tempo. Como se a própria existência estivesse a fazer uma pausa para retomar de novo. E lembrei-me do significado que queria dar à minha vida. E planeei para ser surpreendido.

Ter o passado a ligar e o presente a melgar!!

Arms, 19.05.08
É tão irritante quando tens pessoas do passado, que te feriram, a ligarem-te como se nada tivesse acontecido. A perguntar "está tudo bem?" após anos sem falar contigo. Só apetece responder "só agora é que te lembraste que ainda respiro?" ou "Se for para pedir algo, diz logo para que eu possa negar mais depressa!" Tudo bem, estaria a ser um bocado arrogante. Mas sinceramente, não estava bem onde estava? Era preciso voltar a chatear-me?

É tão irritante quando tens pessoas a mandarem mensagens após mensagens (digo algo como 20 mensagens numa hora) a dizer que quer passar o tempo todo contigo quando já lhes disseste que não vale a pena insistir, que não dá. Qual é? Tenho que passar a ser uma besta e dizê-lo de forma grosseira, é? Já agora, quer que faça um desenho? Aprecio a minha liberdade e sei que passo imenso tempo sem dar notícias, mas eu sou assim. E andar a perguntar onde ando e o que ando a fazer é triste. Quer dizer, neste caso, como não namoro com a pessoa, é preocupante!

Coisa má.

Arms, 16.05.08
Às vezes, em algumas raras excepções, a solidão dá-nos uma noite em que todo o tipo de sentimentos apaga-se. Fica apenas aquele vazio, como se tivessem retirado o coração e ficou aquele ar todo. Sentamos-nos à janela, olhando para o infinito, pensando... Até que nos apercebemos que estamos à janela a rapar frio, com o vazio do nosso coração à nossa volta.

E dá-nos aquela coisa má.

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