Do banco do jardim
O mundo é belo. Uma simples frase que poderia ter sido usada em qualquer altura. Algo que foi certamente dito por todas as pessoas no mundo numa qualquer altura das suas vidas. Mas uma frase que trás consigo um sentimento tão envolvente que deixa rasto, fica e explode por dentro. O mundo é belo, de muitas formas incomensuráveis. Mas, na nossa pressa, escapa-nos frequentemente aquilo que de belo existe em redor. Talvez da mesma forma que, muitas vezes, nos esquecemos do significado que queremos dar às nossas vidas. Neste mundo moderno, para sobreviver, muitas vezes desprendemo-nos relutantemente do estímulo constante da beleza que o mundo tem. Muitos preferem um desprendimento indiferente face ao estímulo constante. Chegamos ao ponto de olhar para a beleza com indiferença, como se fosse mais uma coisa da qual já nos fartámos. Mas o mundo é belo. Desde algo simples como uma gota numa teia de aranha a coisas complexas como pontes enferrujadas de tempo. Um relvado plano a uma paisagem plana e gigantesca que nos faz sentir como grãos de pó. Desde o mesmo grão de pó até às galáxias tão longe que nenhuma mente consegue conceber o caminho todo necessário a percorrer até lá chegar. E uma lua de aspecto hostil e longínquo. Uma lua que parece querer ofuscar, ameaçando cair a qualquer momento. Do banco deste jardim, lascado de verde, rangendo de tempo e memórias, tudo parece que parou no tempo. Como se a própria existência estivesse a fazer uma pausa para retomar de novo. E lembrei-me do significado que queria dar à minha vida. E planeei para ser surpreendido.