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reflectmyself

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Natal inesquecível

Arms, 28.12.06

Pois é. Andei a desejar um Natal inesquecível a toda a gente e eu mal sabia que o meu iria ser o mais inesquecível de todos. Isto tudo começa com a ida a casa da minha mãe com a minha avó. Era tudo novo para ela... especialmente o metro de Lisboa. Ela foi o caminho todo a olhar para todo o lado e a dizer que tudo é uma esperiência nova para ela. Aquilo é que era uma velhota toda sorridente. Viagem de comboio até ao Entroncamento. Nada a registar, dormi o caminho todo... acordei um pouco antes da estação. Agora... Nunca imaginei rapar tanto frio no Natal em toda a minha vida. Adoro a casa onde a minha mãe mora, mas bolas! Aquela casa é um gelo. Felizmente que havia lareira, que só aquecia a chaminé. O meu padrasto é a única pessoa que conheço que consegue fazer uma fogueira sem finalidade nenhuma. Aquilo só aquecia os troncos pelos vistos. Não adiantava aproximar-se para se aquecer. O dia 23 foi passado de roupa, casacos, pantufas e um belo edredon na sala a ver os típicos filmes sem jeito nenhum na televisão. Agora, como manda a tradição da minha família, ninguém abre as prendas no dia de Natal - abrimos as prendas assim que os recebemos. E eu não sou excepção. Recebi da minha mana uns belos boxers (de um material parecido com licra) azúis-marinhos. Diz-me ela: "Esta não é a tua prenda. É a prenda do meu cunhado! Assim que ele te ver com os boxeres... Ui!" Depois sorri e diz: "Espero que gostes!" (LOL! Gostei!) Ofereci à minha mãe um livro (a ver se aquela mulher lê um pouco!) sobre a Mãe. Estava para lhe oferecer um intitulado "Para a minha mãe galinha" mas achei que estivesse a abusar da sorte. Ela gostou.

Dia 24 chegam os meus primos do Porto e o problema da lareira resolveu-se. Isto porque a minha tia é a única pessoa que conheço que consegue dar rendimento a«lareiras - aquilo dava calor que só visto! Para terem uma ideia, passei o Natal de T-Shirt!! Fartámos de rir à pala da minha tia também. O meu padrasto adora pregar partidas com piadas inofensivas... e a minha tia caiu em todas elas. Começou com a lenha, que o meu pdrasto disse que era para fazer uma porta para a casota dos cães, que depois ia instalar um comando que eles carregavam para abrir a porta e que ia instalar um sistema de alarme para que os cães não fossem assaltados. E a minha tia caiu como um patinho. Depois sobre o caso de o menino Jesus ter sido roubado no presépio de Portimão. De terem posto outro menino Jesus e esse ter sido roubado também. O meu padrasto dizia que não acreditava. E a minha tia perguntou porquê. Eis que ele responde: "Se só há um menino Jesus, como é que dois podem ser roubados!?" Depois é a piada típica dos Papas... "Como é que um Papa cumprimenta outro Papa?" Ela disse que não sabia. Ele responde: "Não se cumprimentam." E eis que ela começa que não pode ser, que há que ter respeito e cortesia. Se dois Papas se encontram têm que se cumprimentar, que são como dois presidentes... Ela cala-se um pouco e disse, passado algum tempo: "Já percebi. Só existe um Papa!" Foram piadas atrás de piadas. Mas o melhor foi na tarde de 24. Falei com o meu irmão que está na África do Sul e cujo não falo há ano e meio. Foi muito bom. E descobrimos que a mulher dele está outra vez grávida. Lá para finais de Julho vou ser tio pela segunda vez. E, para animar a festa, a minha prima vai ter um filho na mesma altura... Vou ser tio e primo de segundo grau de uma cajadada só. Chega a noite, os convidados e eis que se juntam 40 pessoas na mesma sala... A animação foi ao rubro. Meia-noite, troca de prendas... Recebi uma caixa de Ferrerro Rochês (que detesto! Mas como a minha tia não tem conhecimento deste meu blog, posso dizer isto sem problemas...) e 90 Euros (Isto porque ninguém sabe o que me oferecer no Natal. Nem nos anos para todos os efeitos! Se bem que, nesta fase da minha vida, o dinheiro dá mais jeito que objectos!). Fiz um pacto com a minha irmã, que se tornou numa devoradora de Ferrerros, e consegui despachar os meus chocolates. Comi um Ferrerro para a minha tia saber que apreciei a prenda e não se sentisse mal. Adivinhem o tema de conversa que se seguiu: "As mentiras que contamos para não ofender as pessoas que amamos!" Enfim... Adoro a minha tia e não quis que ela achasse que eu não tivesse gostado da prenda. Mas disse que o que eu adorava mais no Natal era a família se juntar e não as prendas, que era mais importante saber que sou amado pala família que receber coisas que vão apenas durar uns anos... A meio da noite a minha mãe chama-me à parte e diz para eu desejar um óptimo Natal ao genro dela (expressão exacta dela). E disse que tinha orgulho de eu ser quem sou... que, apesar de não ter sido algo que ela tivesse à espera, não conseguia desejar uma vida melhor que a vida que ela teve... e os filhos que tem. Que apesar de todas as tristezas que lhe demos, as felicidades foram muitas mais. (vou parar por aqui, senão volto a chorar como chorei na altura...) Depois ela perguntou-me se eu sou feliz. Como já devem calcular, eu respondi que sim, que era feliz. Finalmente feliz. Ela responde-me: "Ainda bem! Mas isso não significa que te livras de me apresentar o meu genro!" (OK! Confesso que a minha mãe já estava bem tocada por esta altura, mas foi algo que me tocou profundamente)

Dia 25 foi passado a dormir, como vocês devem calcular. Mais uma vez, o meu padrasto foi acender a lareira (com a ajuda secreta da minha tia) e disse que ele afinal sabia fazer uma boa fogueira. Chegaram mais familiares e, quando demos por isso, estavam 90 pessoas a almoçar lá em casa. Que saudades destes natais. Só faltava mesmo uma coisa: crianças a gritarem e a correrem pela casa fora. É que, na minha família, somos todos maiores de idade. Descobrimos também que ficámos sem água. A bomba que bombeava a água do furo pifou. Resultado: ninguém tomou banho nesse dia. Ir à casa de banho? Mentira. Tivemos que buscar água em baldes para podermos executar as funções básicas de saneamento e limpeza em casa. E bolas, como a água estava gelada como tudo. Parecia facas ao tocar a pele. Enfim... Esta ficou registada na memória.

Depois do almoço tive mais uma conversa com a minha mãe (enquanto a ajudava com a loiça). O meu primo estava ao telefone lá fora. A minha pergunta-me se o meu primo é gay. Respondi-lhe que não, que já teve uma namorada. A resposta dela: "É que fico sempre com a sensação que ele é gay. Nunca falou em raparigas, tem muita sensibilidade e às vezes parece ter tiques. Ele parece ser ainda mais gay que tu. Se bem que quase todos os gays parecem ser mais gays que tu. Não tens tiques!" Uma pausa e ela continua: "Eu sei que os tiques não querem dizer nada, mas fico a pensar sempre que vejo o teu primo."Dia 26 é o dia de regresso a casa da minha avó. Ela já toda feliz da vida (isto porque conseguiu falar com o meu irmão também. Coisa que era o desejo dela de há anos.) voltou calada e a sorrir. Apanhamos mais uma vez o metro de Lisboa e, quando chego a casa da minha avó e saco do telemóvel para ligar à minha mãe, descubro que fui roubado. Roubaram-me o telemóvel e fiquei sem os contactos de toda a gente. Isto porque aqui o tótó não anotou os contactos numa agenda. Fiquei pior que estragado. Mas a minha avó, que é a melhor avó do mundo, disse que mo iria comprar, já que não me deu prenda e ficava como prenda de Natal. E eis-me agora a tentar recuperar os contactos de todos os meus amigos.


Mas, o que vale é que este foi um excelente Natal... e consegui sobreviver (quase) sem problemas.


E cada vez que me lembro de abraçar a minha mãe na despedida e dizer-lhe que ela é a melhor mãe do mundo e agradecer pelo facto de ela me ter aceitado tão bem e que tenho orgulho em ser filho dela, e ver o sorriso dela... Isso já valeu por todos os Natais que tive antes.


E cada vez que me lembro das desafinações da minha mãe ao cantar o Jingle Bells na véspera de Natal np seu perfeito péssimo Inglês, já valeu por muitos filmes de comédia. Regressei a casa com o maxilar a doer de tanto rir.


Espero que o vosso Natal tenha sido realmente inesquecível. E espero que o ano de 2007 seja, no mínimo, um dos melhores anos para vocês. Boas entradas!

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