É difícil ser-se sincero. Sincero para os outros e para si mesmo. É difícil enfrentar a realidade, não é? Preferimos criar máscaras atrás de máscaras, mentiras para tapar mentiras para podermos lidar com a nossa vida. Temos medo de olhar as coisas de frente. Mesmo que todos já saibam quem somos vincamos ali o pé e dizemos que não.
É melhor esquivar as conversas. Melhor seria evitá-las de todo. E melhor que isso seria deixar de falar com as pessoas que costumam ter conversas connosco. Melhor. Melhor seria deixarmos de pensar quem somos logo de uma vez. Talvez assim as coisas sejam mais simples.
TRETAS!!!!!!
Preferem levar essas meias-vidas, tudo bem. Problema vosso. Mas, foi a partir do momento em que fui sincero para mim mesmo e para os outros, olhar o mundo de frente, aceitar as pessoas e eu mesmo com todos os defeitos e qualidades, que eu comecei a viver... e a gostar de viver! Um pensamento. =P
OK! Não liguem à animação. Tem partes com piada, mas não é porque postei este video. É por causa da música. Estou a apaixonar-me por esta música. Chama-se Metropolitain, por Emmanuel Santarromana.
Deito-me por cima do encosto do sofá de lona, com a cabeça afundada no assento. Fico assim a olhar para o tecto lisinho e passeio por entre as portas abertas, de pernas para o ar e sigo a dança das sombras dos ramos das árvores da rua, projectadas sobre o tecto branco. Na boca seguro um lápis que tento equilibrar sem o auxílio das mãos. Não há mobília a atravancar o quarto. E nem pó. E, se eu quisesse, podia encher o quarto de água e fazer uma piscina. As fissuras da tinta branca deste quarto a pingar de tempo traçam caminhos tortuosos na minha mente. E, sem que eu queira, a minha mente é transportada, por este mapa de tempo e idade, para a minha infância esquecida, onde eu deitava-me sobre a relva e contemplava os céus e as nuvens. As tardes que se estendiam até ao limiar do tempo. E a altura em que podia sonhar sem ter que me preocupar. Tardes nunca mais sentidas pela minha pele. Tardes nunca mais apreciadas com a inocência e honestidade de uma criânça que descobre o mundo, espetando paus nas termiteiras por curiosidade em saber que reacção teriam. Tardes em que corria sem a preocupação de cair e esfolar o joelho. Tardes em que conduzia as cabras pelo terreno fora. Tardes em que corria com os cachorros, cambaleando pelo relvado fora de tão novos. Tardes em que descobria animais novos e estranhos. Tardes em que dava banho ao elefante de circo perdido com uma mangueira verde. Tardes em que, quando vinham as tempestades lá no fundo, no horizonte da savanna, me sentava a comer um gelado antes da tempestade atingir a casa e ficava a contar os relâmpagos. E sinto no mais profundo do coração a saudade. A saudade em que a vida me apaixonava. A saudade de descobrir as coisas pela primeira vez.
E uma lágrima escorrega quando me apercebo que o que preciso é de sentir tudo pela primeira vez de novo. Renascer.