Ainda me faz impressão quando pessoas pressupõem que eu seja triste por causa daquilo que eu escrevo. Foi escrito naquela altura, não é uma coisa que dure. Chama-se 'processo criativo'. É como desenhar. Dá-me o vaipe e escrevo (ou desenho) e, depois de concluído, o sentimento passa. Mal de mim se durasse!
Irrita-me pessoas demasiado optimistas - apetece-me dar-lhes uma péssima notícia. É claro que responderiam com frases tipo: "Vê pelo lado positivo..." Irrita-me pessoas demasiado pessimistas - apetece-me dar-lhes um estalo para ficarem a lamentar ainda mais. Irrita-me tudo hoje.
Irrita-me estar irritado. Mas, vê pelo lado positivo...
O problema de se ter demasiado tempo livre é que acaba-se depressa com as ideias de ocupar esse tempo e fica-se (quase) sempre a desperdiçar tempo a dormir!
O facto de ter ficado sem pc fez com que eu perdesse TODOS os meus textos. As minhas histórias caíram no vácuo do esquecimento.
Argh!
Agora só vejo as seguintes alternativas:
1) mando arranjar o pc (sabe-se lá quando) e (se tiver alguma sorte) o disco não ficou danificado, podendo salvar os documentos; 2)mando tudo às urtigas e começo tudo de novo, escrevendo algo incrivelmente melhor (ou pior); 3)faço uma viagem no tempo e passo tudo para o disco externo antes do pc pifar. É claro que, se fizer uma viagem no tempo, aproveito para anotar os números do Euromilhões, fazendo com que ganhe e compre um pc novo (e uma vida nova) e acabe por nem sequer me preocupar se este se pifar.
Até me custa a acreditar que já se tenha passado quase um ano e que ainda continues presente na minha memória. Continuas lá, pendurado como uma teia de aranha, naquele canto da minha alma que ficou abandonada. Como uma casa em ruínas. Uma casa erguida de sonhos e espectativas e que abandonaste quase tão depresa como entraste. Nunca, jamais, alguém ocupou aquele canto. Talvez por eu não o ter permitido ou por ninguém se ter predisposto a ocupar tal canto poeirento e cheios de teias de aranha, de memórias supostamente esquecidas. Foi há quase um ano e a memória continua cá. Se me perguntarem continuo a negar, a mentir. Para mim e para os outros. Engraçado. Nós humanos somos assim. Mentimos todos os dias e vivemos a nossa vida mentindo para nós mesmos. Mentimos porque a verdade dói demais. E a verdade é que ainda estou apaixonado por ti e ainda penso em ti. E a verdade é que eu recuso-me a enfrentar as evidências de que tu já partiste e nunca voltarás. E a verdade é que eu não avanço porque tenho demasiado medo em ser magoado. Não! Não em ser magoado, mas apaixonar-me de novo. Isso é o que realmente assusta.
(A continuação dos rabiscos de uma futura história.)
Depois de ter descoberto que o meu pc pifou mesmo (e agora fiquei sem as minhas histórias e outros textos), decidi mandar tudo à fava e saí. Comecei por Sintra com um amigo e acabei no Alvaláxia a ver um filme.
O Alvaláxia é estranho porque não tem nada para se ver e tem sempre gente. e aposto que não é pela música, que ia dos hits dos Backstreet Boys às músicas estranhas das Spice Girls. E, sinceramente, as luzes verdes na zona de restauração são de tirar o apetite a qualquer um. Mas tem-se, pelo menos, um leve toque à Amélie Poulain. Bem, que bela descrição surrealista!!
O filme Expiação foi uma boa lufada de ar fresco nestes dias finais de férias. Belo filme. Fiquei rendido do início ao fim. Muit bom. Recomenda-se!
Acordei apenas para descobrir que estou sem sistema operativo no pc. O cúmulo é que me esqueci de como se faz uma formatação do disco sem recorrer ao cd do Windows. Porque este corre mas não avança nada!
Estava um belo domingo solarento, daqueles que dão vontade de sair e sentar num banco de um qualquer jardim e, quem sabe, comer um gelado. Mas eu não! Deu-me para renovar completamente o meu quarto. E ele foi de mudar as estantes e a cama. E ele foi de limpar o pó de dentro do computador. E ele foi de meter a roupa a lavar. E ele foi de espirrar como um doido ao limpar o pó. Foi tudo. No fim sobrou um quatro arrumado e limpo e sete sacos de lixo. E ao fim do dia ele sentou-se e pensou "mas como fui juntar tanta tralha?"
Perdi um domingo em que poderia estar lá fora a passear e talvez encontrar alguém... Mas ganhei um novo look pró quarto!
Voltei ontem a Lisboa. As minhas férias estão quase a terminar. Deviam de ter visto o sorriso da minha mãe quando cheguei a casa dela.
E ter voltado para casa foi óptimo. A minha mãe mora numa aldeia perdida perto da Serra d'Aire e não há muita luz na rua. Isso faz com que seja perfeito ficar a observar o céu estrelado à noite. Adoro ficar a fitar o céu nocturno. De alguma forma, olhar para as estrelas faz com eu sinta que os nossos problemas diários sejam insignificantes.