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reflectmyself

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A História do Mundo

Arms, 21.06.09
(Uma das minhas primeiras tentativas em humor. Espero que gostem)

CAPÍTULO 1: A ERA DAS COISAS ABORRECIDAS

No início havia imensos gases a flutuar no vácuo. Mais ou menos como o oxigénio na nossa atmosfera, ou como os neurónios no cérebro de uma loira. Depois, através da magia da ciência ou da ciência da magia (depende se és ateu ou cristão), o mundo formou-se.

Primeiro não havia nada para além de água, micro-organismos e talvez peixes muito pequenos e eles nadavam ali. E alguns organismos comeram outros organismos e tudo sobrevivia assim. Por isso, nada de interessante aconteceu, excepto o arroto ocasional. E talvez, provavelmente algumas manifestações musicais espontâneas. Mas, mesmo assim, as coisas foram acontecendo e todos estavam felizes… excepto os organismos que foram comidos por outros organismos. Mas ninguém gostava deles… nunca foram convidados para as festas.

Os organismos tentaram, durante muito tempo, andar sobre a superfície mas falhavam constantemente por causa da sua falta essencial de pulmões. Finalmente, um dos peixes disse… ou melhor, pensou… pensando bem, instintivou para consigo mesmo: “Sabes! Se calhar não era má ideia crescer uns pulmões.” E ele tentou crescer uns pulmões mas acabava sempre se peidando no processo. Mas depois instintivou: “Que se lixe a física!” E cresceu uns pulmões. E umas patas. E depois subiu para a superfície. E, eventualmente, mais e mais criaturas subiram para a superfície, pegando nas suas mochilas microscópicas e “indo corajosamente onde nenhum micro-organismo foi antes”.

As coisas evoluíram e as criaturas continuavam vivendo juntos, comendo uns aos outros, felizes. Excepto para os que eram comidos. E, depois de uns milhões de anos de tédio, ocasionais arrotos e demonstrações musicais, as criaturas cresceram até se tornarem naquilo que conhecemos como dinossauros. Estes dinossauros andavam por aí durante um bocado, calcando o chão, às vezes comiam coisas e, às vezes, não. Também existiam umas criaturas pequenas e peludas que gatinhavam juntos das patas dos dinossauros e, às vezes, eram comidos por engano. Já havia mais movimento mas as coisas continuavam meio lentas. Continuava a haver arrotos, eventuais demonstrações musicais… e as primeiras bolas de pêlo. Alguém aparentemente ficou aborrecido porque, um bocadinho depois, um gigantesco meteorito caiu do céu e matou quase todos os dinossauros, excepto aqueles que se enfiaram nas grutas e formaram uma sociedade superior até serem expulsos. E as criaturas pequenas e peludas, que costumavam gatinhar junto às patas dos dinossauros e eram comidos por engano, tornaram-se nos donos da Terra. Esta foi a primeira vez que uns idiotas sem importância ganharam um prémio, mas não seria a única vez.

Entretanto, os peixes continuavam a nadar nos oceanos. Felizmente para os peixes, ninguém à superfície parecia importar-se. Mas isso também iria mudar.

FIM DO PRIMEIRO CAPÍTULO

Minhas citações

Arms, 21.06.09
(ou, pelo menos são até se descobrir que alguém já disse algumas antes...)

- Ninguém é perfeito até ao momento em que te apaixonas por ele/ela.

- Sacrifício é fácil. É ter que escolher magoar uma das pessoas que mais amas que é difícil.

- Por baixo de todos os ideais e virtudes, descobres que nunca estás realmente a lutar por alguma coisa. Estás a lutar por alguém.

- Coragem não é ter bravura. É estar acagaçado de medo e, mesmo assim, querer agarrar a vida pelos tomates.

- Tempo não cura as feridas. Apenas adormece as emoções e atordoa as memórias de dor e prazer, roubando todos aqueles pormenores que teimas em agarrar com unhas e dentes. As memórias vivas desvanecem-se lentamente, regressando para o vazio de onde todos viemos. E, assim como as memórias se desvanecem, também nós lentamente regressamos ao vazio.

- Passamos a vida inteira à espera; à espera de uma oportunidade para viver, enquanto a vida passa por nós.

- Lembra-te que os macacos não nascem a saber trepar às árvores.

- Depois de muitos dias de observação paciente, meditação, intensa conteplação metafísica e questionando-me acerca do meu ser, cheguei a uma única profunda conclusão: Eu penso demais!

O Homem Azul

Arms, 19.06.09
Vi um homem à dias a caminhar rua abaixo, com uma péssima figura, sem tirar os olhos do chão, e perguntei:
- Desculpe senhor! Porquê tão em baixo?
Ele respondeu:
- Porque tenho um espinho no estômago e ela não foi lá colocada por alguma acção minha. Não temos muito tempo neste planeta por isso não o desperdices em desejar por algo que nunca vai acontecer. Aproveita as oportunidades que tens à tua frente, porque elas não voltam.
Achei aquele comentário meio estranho porque não respondia à minha pergunta. Foi quando reparei que tinha olhos de cores diferentes.
- Senhor! Porque tens os olhos de cores diferentes?
Ao que ele responde:
- São pelos meus olhos que vejo e sou visto no mundo. O olho azul é meu e o outro olho tanto poderia ser teu como de outra pessoa qualquer. Eu vejo pelos teus olhos para melhor e mais correctamente ver os meus olhos.
Olhei para ele de novo e perguntei:
- Quem és tu?
O homem sorriu e olhou para o céu:
- Eu sou o Homem Azul. Vim da vida que deixei atrás de mim e vou para a vida que está à minha frente. - Olhou para mim. - O meu corpo é tão velho quanto o Sol mas a minha alma é nova. Vivo com um coração partido. Um coração partido por um rapaz, por uma rapariga, pelo mundo inteiro.
Olhei para baixo e perguntei:
- Tem que ser sempre assim?
O homem sorriu calorosamente e disse:
- Não.

Solidão

Arms, 18.06.09

Chateado por todos os cantos, com palavras escassamente murmuradas por aqueles que fariam de tudo para se esconderem dele, como se fosse o seu pior inimigo.

Porque todos temem-no? Será que não se aperceberam? Nós nascemos de um oceano de solidão, enfrentamos os nossos demónios sozinhos, toda a vida… e, no fim de toda a vida, saímos do palco. Sozinhos.

A solidão é a nossa mais fiel companheira.

Oh… Sabes disso muito bem e, talvez seja por isso que não a temes… Porque a solidão dá-te a oportunidade de te conheceres mais e melhor - gozando com os teus demónios interiores – tentando fazê-los acordar, pelo simples prazer de te afundares – até ao mais profundo que conseguires – nos pântanos dos teus limites desconhecidos, para ascender outra vez, mais forte.

Às vezes sentes-te assim… Forte. Violentamente poderoso. Como se ninguém nem nada te pudesse travar a busca dos teus objectivos. Como um deus no teu próprio pequeno universo, onde és tu quem dita as regras e apenas tu poderás quebrá-las.

E, subitamente, o caminho vazio que estás a percorrer colide com outro caminho vazio… Dois mundos diferentes tornam-se inter-dependentes, tentando fundir, tentando completar os sonhos um do outro, os pensamentos, os hábitos… as esperanças.

Esperança... Que doença crónica do ser... Como um narcótico que raramente poderás adquirir mas que, ironicamente, se torna terrivelmente viciante.

Uma vez consciente dos seus silenciosos passos em direcção a nenhures, uma vez acreditando nas ilusões, começas a viver o sonho, tentando convencer-te a ti mesmo que talvez – talvez – não estás destinado a terminar sozinho, porque encontraste aquela pessoa especial, aquela peça que faltava, a outra parte da tua alma.

Acostumas-te cedo à imagem de um puzzle completo, até que algo faz com que as peças se misturem de novo e depois, quando tentas reorganizá-las, apercebes-te que a peça mais importante desapareceu, levada pelo vento da mudança. Perdida algures num canto onde não consegues alcançar, mesmo que a consigas ver e tentes o teu melhor para agarrá-la para que não se perca de novo. É escusado.

Outra vez incompleto, ansiando por um significado… começas a gatinhar de novo, sozinho, através do caminho tortuoso… até alcançares mais um cruzamento.

E recomeça o jogo… e mais uma vez… e mais uma outra vez… como uma partida de mau gosto, com a única diferença de que, de cada vez, te convences mais e mais de que não precisas de encontrar aquela peça que te falta. Tentas controlar e dominar aquele grito violento da tua alma que chora e murmura, sedenta mas que, no ímpeto do momento, ignoras sem sequer pensares duas vezes. Porque precisas de ser forte; porque te magoaram e desiludiram demasiadas vezes; porque já não acreditas em sonhos; porque esperança é apenas mais uma palavra no dicionário; porque a solidão parece-te como o caminho mais fácil de te desligares dos mapas complicados da vida. Porque o som da realidade é demasiado ensurdecedor.

Será cobardia? Ou será apenas um espírito a render-se porque se apercebe que, às vezes, a mão do Destino não pode ser forçada? Ou talvez seja apenas a imunidade em lutar contra a dor, materializada nessa máscara teatral, onde escondes as tuas verdadeiras lágrimas e os teus verdadeiros sorrisos, que te afasta e te protege da dor, mas que te prende pelos calcanhares à rocha do isolamento.

Mas agora já não és auto-suficiente. A tua própria companhia já não te é suficiente… porque a tua alma tem sede, implorando por um pingo desse delicioso néctar que provaste da última vez que cruzaste um cruzamento.

Mudaste e nunca deste conta disso: a máscara que tens usado durante tanto tempo cresceu para se tornar parte do teu ser. Por isso já não consegues mostrar a tua verdadeira cara, o teu verdadeiro ser, mesmo que queiras. E, mesmo que tentes descrever as palavras que escondes debaixo dessa máscara, ninguém poderá ver… ninguém irá compreender. És um estranho para todos. Mais estranho para ti mesmo ainda… olhando para o espelho e jamais reconhecendo a cara que costumava estar no lugar da cara que olha de volta para ti, desprovida de sorrisos, lágrimas e marcas…

Curvado, sufocando com o peso dessa máscara, começarás de novo o teu caminho… sozinho. Chorando lágrimas que nunca serão afagadas; assombrado pelos pesadelos que ninguém nunca irá afastar; enraivecido pelos pensamentos tempestuosos que nunca se cessam…

…até chegar a mais um cruzamento.

E lá está ela, de novo, esperando… talvez por ti. Tão bem escondida nos olhos de mais uma alma disfarçada, mas tão óbvia: a esperança.

Isto é tão cómico que só podia ser real

Arms, 15.06.09
Ele - Então rapaz, já não te via à anos... Que tens feito?
Eu - Epá! A trabalhar.
Ele - Então conseguiste terminar o curso, boa.
Eu - Quer dizer, não. Fui forçado a fazer uma pausa.
Ele - Então?
Eu - Coisas da vida... Não me queixo. Retomo depois.
Ele - E a S.?
Eu - Está boa. Tem um filho e trabalha. Está boa.
Ele - Olha boa. E já és pai.
Eu - Eu? Não!
Ele - Então? Terminaram?
(...)
Eu - Como assim? Com a S.? Ela é a minha irmã... (Uns minutos de silêncio) Tu não és o Luis, pois não?
Ele - Tu não é o Pedro?
Eu - Erm... Não.
(Rimos os dois)
Ele - Epá, desculpa! Confundi-te com outra pessoa.
Eu - Pois, também eu!

Esta coisa dos sósias só dão chatices. LOOOL!

Citações de Terry Pratchett

Arms, 10.06.09
  • Dê fogo a um homem, e ele aquece-se por um dia. Atira um homem no fogo e e ele ficará aquecido pelo resto de sua vida.
  • Tudo começa nalgum lugar, ainda que alguns físicos discordem.
  • Geralmente dizem que quando você morre a sua vida passa diante dos seus olhos. Isso é verdade. Chama-se vida.
  • A luz pensa que viaja mais rápido que qualquer coisa, mas está errada. Não importa o quão rápido a luz viaje, ela descobre que a escuridão chegou lá primeiro, e estava à espera dela.
  • A maioria dos deuses joga dados, mas o Destino joga xadrez, e não descobres, até que seja tarde demais, que estava a jogar com duas rainhas o tempo todo.
  • Os impostos são apenas uma forma sofisticada de exigir dinheiro com ameaças.
  • A inteligência de uma criatura conhecida como multidão é a raiz quadrada do número de pessoas que a compõe.
  • A caneta só é mais poderosa que a espada se a espada for muito pequena e a caneta muito afiada.
  • O problema de ter uma mente aberta é, claro, que as pessoas insistirão em vir e tentar colocar algo dentro dela.
  • Às vezes o vidro brilha mais que o diamante porque quer provar algo.
  • Verdadeira estupidez supera sempre inteligência artificial.
  • Um casamento é sempre feito por duas pessoas que estão preparados para jurar a pés juntos que a outra pessoa ressona.

A caminho

Arms, 09.06.09
Acho que perdi um pedaço de mim algures a meio do caminho até aqui. Não o encontrei ainda. Não o procurei ainda. Apenas acho que se perdeu algo, algures, a um dado tempo atrás e só dei por isso agora. Não é que o vazio que ocupou o lugar desse objecto me atormente mas sinto a falta dele. E, às vezes, só sinto esse vazio e esse vazio lembra-me sempre que o pedaço de mim ainda se encontra perdido. E, às vezes, o vazio torna-se tão insopurtável que às vezes tenho a sensação que vou explodir. Às vezes simplesmente nem dou conta de que realmente me falta um pedaço. Mas hoje acordei e senti... o vazio a tomar conta de mim. A começar devagarinho, quase imperceptível e a aumentar até um ponto em que parece um grito silencioso de agonia e dor e desespero. Para calar de repente, para voltar a gritar e calar, insanamente, na minha cabeça. Constantemente. À espera que o pedaço de mim me seja devolvido para preencher e calar o vazio. Por isso espero, pacientemente, pela devolução do meu coração.

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