As nossas pequenas semelhanças
Já alguma vez vos aconteceu sairem da casa para chegarem ao trabalho e terem que ver os pés porque não têm a certeza se calçaram os sapatos ou não?
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Já alguma vez vos aconteceu sairem da casa para chegarem ao trabalho e terem que ver os pés porque não têm a certeza se calçaram os sapatos ou não?
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Era dia de folga e eu, para poder aproveitá-la melhor, acordei bastante cedo. Tinha comprado no dia anterior umas calças novas, caqui, de verão. Vesti-as num ápice e fui buscar uma t-shirt qualquer que combinasse bem com as calças, toca de calçar uns ténis, sacar do bloco, acessórios de desenho e lá vai disto. Assim que saí do prédio senti a brisa fresca e sorri. As calças eram extremamente confortáveis e arejadas e sentia-me bem nelas. Fui andando ao som das minhas músicas pessoais - uma selecção de músicsa dos anos 80, lounge, jazz, blues, algumas bandas sonoras, e alguns alternativos. Aos poucos fui reparando que as pessoas olhavam para mim, sorrindo e rindo, mas não fiz caso - até porque estava tão bem-disposto que pensava que era reacção à minha aparente estado de euforia. Cheguei à Gulbenkian e sentei-me a desenhar, aproveitando a dose de inspiração fora do habitual. O dia passou-se nestas andanças: eu desenhando, as pessoas olhando para mim a sorrir, eu indo de parque em parque, café em café, sempre ao som de uma boa música qualquer.
Ao fim da tarde, de regresso a casa, comecei a achar bastante estranho os sorrisos das pessoas que passavam por mim. E comecei a ver se tinha algo desalinhado na roupa. Não conseguia ver nada. Convencido de que era precisamente do meu estado de espírito não liguei mais. Cheguei a casa e larguei tudo para tirar as calças porque, sinceramente, o calor é tanto que andar de calças em casa parece ridículo. E, é ao tirar as calças que reparo no motivo de tanto sorriso alheio: tinha a braguilha aberta.
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Nestes últimos dias tenho pensado numa coisa:
Algumas pessoas deveriam de vir com Manual de instruções, Kit de sobrevivênca e Guia de consulta rápida para sabermos como lidar com elas.
Outras simplesmente deveriam de vir com comando. Dava-se imenso uso à tecla mute.
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Regressei das minhas mini-férias nas Caldas da Rainha. Tive quatro dias de folga e aproveitei para voltar à cidade que me acolheu durante quase seis anos. Felizmente para mim as Caldas é daquelas cidades que "nunca mudam" ou, se mudam, as mudanças são tão mínimas que quase que se parecem imperceptíveis. Alguns locais fecharam, outras abriram, mas as pessoas continuam a ser as mesmas pessoas previsíveis de sempre.
Assim que cheguei, depois de ter perdido três Expressos por causa de atrasos e confusões, fui logo abordado por imensa gente no mercado diário. Grande parte deles os comerciantes que já não me viam há imenso tempo e quiseram um téte-a-téte "para pôr a conversa em dia". Isto porque, quando vivia lá, tinha por hábito ir ao mercado antes das aulas comprar os vegetais frescos. Acabei por criar uns contactos. Eu achava piada ao mercado, os comerciantes achavam piada a um rapaz novo ir ao mercado "enquanto a irmã ficava em casa a descansar". Tecnicamente a minha colega de apartamento não é minha irmã mas, como somos parecidos e vivíamos juntos há já algum tempo, para evitar conversas que indicassem que eu e ela fossemos namorados. Há que evitar equívocos... e esta coisa de misturar as coisas não dá com nada.
Sexta à noite foi ida à Feira Medieval de Óbidos. Pela primeira vez. Parece surreal, eu sei... Vivi nas Caldas durante seis anos e nunca lá meti os pés. Foi preciso ir-me embora da cidade para ir à feira. Quer dizer, ainda me falta a feira do chocolate... Gostei muito da feira mas especialmente da música. Pessoalmente acho que a feira poderia ser ainda mais fiel visto bastantes comerciantes lá estarem vestidos fora de época (ou seja, à século 21).
Domingo foi, para mim, um dia cheio de emoções contraditórias ao ponto de ter estado quase fora de mim.
Tinha o pic-nic marcado mas a minha mãe apareceu lá a caminho da praia para me ver. Soube que o pai do meu sobrinho anda agora com a mania de querer lutar pela custódia do filho. A notícia é tão má quanto é ridícula... É que estamos a falar de um homem que abandonou a mulher uma semana antes do parto e que, durante um ano inteiro, não quis saber do filho. Há gente que não atinge...
Soube que o meu pai foi operado a um cancro e que, para o ano, volta para Portugal. Fiquei abalado mas não sei porquê. Não sei se por ele ter sido operado ou se pela notícia do seu regresso. A minha relação com o meu pai tornou-se totalmente inexistente a partir do momento em que fui expulso de casa por ele. Já era basicamente inexistente antes, para ser honesto. Daí que os meus sentimentos em relação a ele limitam-se à expressão "ele é o meu progenitor". E o facto de ele estar noutro continente, noutro hemisfério, do outro lado do planeta, sempre foi, de certa forma, um conforto. Esta notícia veio como que um pequeno abalo a este sentimento de conforto... Até porque anuncia o aumento da possibilidade de um confronto cara-a-cara com ele. E, bom, sendo sincero, não sei bem como lidar com isso. Por agora, isto vai ficar em stand-by, até porque há coisas mais importantes neste momento na minha vida...
O pic-nic... Eu gostei muito do pic-nic e gostei de conhecer as pessoas. Confesso que havia por lá caras conhecidas "de algum lado". Foi bom rever algumas pessoas. Foi óptimo ter conhecido pessoas novas... e foi um alívio saber que há mais pessoas que gostam de BD para além de mim. É que, do meu círculo de amigos mais próximos, apenas eu me interesso por esta Nona Arte... E as novidades no mundo da BD!! Apenas confirmou que estou tão desinformado que até parece que andei a viver numa caverna. LOL! No entanto, eu já estava afectado pelas novidades e, confesso, estava mais reservado. Mas gostei e deu para distraír um bom bocado... Só tenho pena de ter que ir embora mais cedo.
Chegado a casa, a Lisboa, depois de ter perdido o primeiro Expresso, recebo a última novidade. O meu horário de trabalho foi alterado e, apesar de ter ficado sem os meus fins-de-semana, ganhei mais um dia de folga. O que se torna incrivelmente conveniente já que foi confirmado a minha inscrição no curso de ilustração e BD a iniciar em Outubro.
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Uma pessoa escreve ou diz algo em que pensou e o pessoal pensa logo que anda com problemas graves. Epá!
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Estar contigo abre velhas feridas que pensava terem-se curado. Estou sem vontade para falar, para escrever, para pensar nisto porque a superstição diz que tal comportamento se tornará irrelevante. A verdade nisto é composta pela falta de resolução. Não quero apaixonar-me por ti outra vez. Sinto-me tão bem sem ter o coração preenchido. O sangue continua tão fresco debaixo da minha pele, as nódoas demasiado escuras para permitirem que me esqueça que não me quero apaixonar de novo.
Abandona-me e esquece-me. Deixa-me abandonar-te num local onde o tempo já não toca, para que o peso desta angústia fique no canto mais obscuro da minha memória. Há coisas que prefiro não me recordar.
Apenas quando eu estiver vazio é que poderei flutuar. Flutuar é mais difícil que sentir; é tão fácil agarrar-nos ao sentimento de vazio e solidão e deixar que isso nos arraste para o fundo do poço, obrigando-nos a esfregar a face na lama. Esquecemos-nos que somos criaturas do céu.
Por isso, esvazia a tua boca. Despeja o teu coração na chuva e deixa que os beijos de amantes perdido se dissolvam nas águas de terras perdidas; alimenta o teu corpo de vazio e deixa os teus ossos secarem ao sol. Deixa o teu corpo ser consumido pelo tempo, permitindo que seja purificado.
Apenas quando os teus ossos estiverem ocos é que tu aprendes a voar.
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Ele (armando-se em carapau de corrida) - Estás a ver aquele rapaz ali?
O outro - Estou.
Ele - Beijei-o à dias.
O outro - Olha, que bom para ti. Eu levo-o para casa todos os dias.
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Nunca pensaram o que terão feito ao Lobo Mau depois de o matarem na história do Capuchinho Vermelho? Pois bem, a Capuchinho cresceu e ganhou um Capucho Vermelho de pele...
Por outras palavras, o meu desenho mais recente.
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A solidão e a felicidade andam de mãos juntas. Ouvi dizer. São sentimentos que se entrelaçam. Sentir-se só é um estado de espírito individual, que não se compartilha. É tão único e pessoal e, por mais que convivamos com as pessoas e partilhamos sentimentos e afectos, não se compartilham sensações porque cada um de nós sente de forma diferente e vive as suas percepções em tempos distintos. E como seria possível quantificar e dimensionar uma sensação? Qual será o tempo da felicidade? Um segundo? Um minuto? E qual seria o peso da solidão? Um quilo? O que escrevo é um divagação não uma afirmação. Às vezes assusto-me por estar só, e não faço referência à falta de companhia de pessoas, falo aqui da falta da companhia das pessoas especiais com as quais compartilho, de facto, algo. Talvez um sentimento. São inúmeras as vezes que estamos no meio de uma multidão e nos sentimos sós. Talvez sentimos-nos sós quando não compartilhamos sonhos e objectivos, quando os nossos sonhos e planos não incluem uma pessoa para além de nós. Há quem diga que a felicidade está dentro de nós e eu penso que somos realmente senhores e senhoras das nossas vidas porque são as nossas decisões que o regem. Somos nós, a essência e a ausência de tudo o que há em nós. Somos tanto que muitas vezes questionamos tanto poder. E maior parte das vezes perdemos-nos diante de tanto potencial, tanta responsabilidade e tanta possibilidade como gestores das nossas vidas. Das nossas liberdades.
Podem estar-se a perguntar o que tem este texto todo a haver com solidão. Devem existir estudos e teorias científicas a respeito, mas apenas quero, de uma forma bastante estranha, dizer o que sinto neste momento. E talvez esta seja uma forma de compartilhar este sentimento, de forma a não me sentir tão só. Também sei que no fim só seremos nós, cada um de nós. E não estou com vontade de falar, conversar, por isso escrevo. Apenas para passar disso à mera interpretação ou percepção do que poderá ser um sentimento, uma sensação de cada um de nós.
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É interessante descobrir que todo o conceito de alma gémea foi inventada por um filósofo que não acreditava muito em almas.
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