Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

reflectmyself

reflectmyself

Futilidades

Arms, 27.11.09

 Às vezes sabe bem ter uma conversa absolutamente fútil, limitada à superficialidade do que o nosso mercado tem para oferecer. Claro está que eu refiro-me a estar com um amigo na conversa e andar de olho nas paisagens que passam na rua. E, quando falo de paisagens, falo de pessoas. Mas não é da futilidade da conversa que tive que venho para aqui falar. Até porque não foi a conversa que teve mais interesse, foi a conclusão.

 

Ao passar um rapaz, nitidamente gay (e nitidamente comprometido), o meu amigo vira-se e diz: 

 

- Vês! Não percebo. Aquele rapaz é feio e está comprometido.

Eu, como é mais do que óbvio, nem me tinha apercebido de nada. Despistado como só eu consigo, perguntei-lhe:

- Como é que sabes que está comprometido?

- Não me digas que nem reparaste na aliança... Passou-te mesmo à frente.

Um àparte. Nós estávamos sentados na rua, nuns degraus, de forma que os nossos olhos estavam pela linha da cintura de muita gente. Ora, uma pessoa a andar tem a mão mais ou menos a meio da sua anca, ou seja, exactamente a meio do meu campo de visão. E continua ele:

- Não percebo! Aquele rapaz não deve nada à beleza e, no entanto, tem alguém. E tu, que até que és giro, nunca encontras alguém.

Ao que respondo:

- Sabes como é. Uns nascem com o cu virado para a Lua. Eu, quando nasci, devo ter nascido a fazer um pirete (apontar o dedo médio) à Lua e ter gritado "Fuck you, bitch!"

- Então e eu que já tive alguns namorados e nunca acertei? O que terei dito?

- Provavelmente algo do género de "Fuck you bitch and let the bitches fuck me!"

 

Enfim... Nada como conversas com asneiras e risos e superficialidades para alegrar o dia.

A vida é injusta!

Arms, 17.11.09

Isto é uma expressão que nunca consegui entender. Não percebo até que ponto é que a vida, por si só, seja injusta. Ou talvez sou eu que sou demasiado sintético e analítico.

 

Sempre vi a vida como algo isento de quaisquer tipo de qualidade ou características. Não existe vida fácil, vida difícil, vida rápida, vida justa, vida injusta, etc. Existe vida. Sem adicionantes. Ou, como eu diria, sem corantes ou conservantes.

 

Daí que, quando ouço expressões como esta, faço uma cara estranha.

 

Uma espreitadela à minha mente!

Arms, 09.11.09

 Muita gente já me veio perguntar como é que funciona a minha mente porque geralmente lembro-me das coisas mais estranhas e divertidas nos momentos mais (in)oportunos.

 

Deixem-me dar-vos um insight.

 

Os meus pensamentos enquanto estava no duche. Sim. Eu, ao contrário de muitos, não canto no duche. Desenvolvo teorias rebuscadas enquanto digo asneiras pelo facto do champô ter-me entrado nos olhos.

 

"Lá, lá, lá. Falta pôr um pouco de água quente. Mmmm. Isso. OK. Quente. Verão... Um Inverno em que não chove, um Verão em que não faz calor. O tempo anda maluco. Não me lembro da última vez que senti muito calor no Verão. É óbvio que não te lembras. Estás habituado aos calores de África. Aos 50 graus. Que parvoíce! A África do Sul é o único país que tem as temperaturas mais próximas às temperaturas mediterrânicas no mundo. E, mesmo que não fosse, já estou cá há 19 anos. Há muito tempo para desabituar. Temperaturas mediterrânicas. Podemos dizer coisas dessas numa festa que o pessoal nunca vai verificar se está correcto. E se houver que conteste? Sempre podes dizer que leste algures que era assim. Mas na realidade estás-te a borrifar para que esteja certo ou errado. O importante é que te faça parecer mais culto."

 

Et voilá! Só num duche cheguei a várias conclusões e descobertas.

 

1 - O tempo está uma merda!

2 - Uma táctica de interacção social que me faça parecer mais culto.

3 - Uma táctica de evasão para situações que coloquem em risco essa tentativa de parecer mais culto.

4 - As pessoas realmente não procuram verificar se a informação esteja correcta (a não ser, claro, que seja uma informação que pertença à sua área)

5 - A água do chuveiro, para além de estar na temperatura ideal, catalisa pensamentos aleatórios com uma linha de conexão muito estranha.

Brocas e novelas

Arms, 06.11.09

 Já voltei ao século XXI depois de uma visita à minha avó. Visita que implica eu receber uma actualização dos acontecimentos das novelas da SIC e TVI e muita comida que me causa gases. Para além dos habituais mimos de bolachas caseiras com chocolate-quente (que não pude beber por causa do dente).

 

Tenho metade da cara inchada e com dores, a sensação de ter a boca da Moura Guedes e sensação de ter feito uma plástica. Mas, para ter dentes bonitos no fim, há que passar por estas coisas... e os meus estão muito mal-tratados devido às dificuldades que passei.

 

Felizmente para mim encontrei o primeiro dentista verdadeiramente humano de que tenho conhecimento. Para além de ouvir o paciente quando tem dores e parar, fala com o paciente e explica o que o paciente tem que fazer para evitar mais dores, usa equipamento e cuidados para minimizar as dores... e ainda oferece soluções de pagamento como podermos pagar no fim do mês se não podemos a meio.

 

Há coisas fantásticas, não há?

Não percebo!

Arms, 02.11.09

Minha amiga, eu sei que, do teu ponto de vista, há certas realidades que existem que não consegues entender, especialmente no que toca a sexualidades e a forma como as pessoas as vivem. Tu, sendo heterossexual, e estando a namorar, não te apercebes da enorme liberdade que tens diariamente com o teu namorado. Liberdade essa que tomas como garantida. É que, neste país de democracia, as liberdades só existem para alguns. Deixa-me demonstrar-te as diferenças de realidades. Pode ser que, assim, percebas o quão sortuda és.

 

  • Eu não posso andar de mãos dadas na rua com a pessoa que amo.
  • Eu não posso beijar a pessoa que amo em público.
  • Eu não posso abraçar a pessoa que amo na rua.
  • Eu não posso ter conversas mais carinhosas se estiverem possoas demasiado perto.
  • Quando vou às compras tenho que disfarçar o meu comportamento para que as pessoas não se apercebam que a pessoa que me acompanha não é mais que um amigo.
  • Quando me perguntam se namoro tenho que pensar se devo responder ou não e tenho que pensar no que posso ou não responder.
  • Não posso dar sangue se quero ajudar alguém.
  • Tenho que colocar diariamente uma máscara e disfarçar certas conversas quando estou com amigos.
  • Sou forçado a dizer comentários de pessoas do sexo oposto quando estou rodeados de amigos masculinos de forma a integrar-me para que não suspeitem.
  • Tenho que ter conversas sobre assuntos que não me dispertam curiosidade nenhuma.
  • Tenho que ter um comportamento que não é meu e que, em alguns casos, vai contra os meus valores base apenas para não ser apontado.
  • Não posso visitar a pessoa que amo quando está internado no hospital.
  • Não lhe posso deixar uma herança.
  • Não posso preencher o IRS em conjunto com a pessoa que amo nem tenho acesso aos empréstimos dados a casais.

Mas, o mais importante de todos:

 

  • Sou forçado a negar e encobrir diariamente quase tudo aquilo que me define como pessoa e sou forçado a negar e a encobrir o facto de que amo alguém e a negar essa pessoa.

Tudo isto são coisas que não percebes que me estás a negar sempre que dizes que "não percebes porque quero o acesso ao casamento civil se tenho a união de facto". E, sempre que dizes isso, estás a dizer que o facto de eu amar não tem validade nem igualdade em relação a ti.

 

E, de certeza que existem mais algumas coisas onde a tua liberdade é diferente da minha.

 

E depois dizes-me que és totalmente a favor de igualdade de direitos.

 

Não achas que estás a ser um pouco contraditória? Pensa nisso. ;)

...

Arms, 02.11.09

 Serei só eu ou há mais alguém que fica frustrado com a quantidade de iliteracia escrita que se sofre neste país? É com cada erro ortográfico que simplesmente me dá nojo. E isto vindo de pessoas que supostamente estão numa faculdade...

 

Epá, irrita-me!